Olhar Jurídico

Terça-feira, 15 de outubro de 2024

Notícias | Criminal

ESQUEMA DE r$ 11 MILHÕES NO DAE-VG

Servidores debocham da população e confessam que vendem o problema para depois cobrar propina pela solução; veja

24 Set 2024 - 17:28

Da Redação - Pedro Coutinho e Luis Vinícius

Foto: Reprodução

Servidores debocham da população e confessam que vendem o problema para depois cobrar propina pela solução; veja
Relatório da Delegacia Especializada de Combate à Corrupção, referente à Operação Gota D’Água, que desbaratou esquema de R$ 11 milhões no Departamento de Água e Esgoto (DAE-VG), supostamente liderado pelo vereador Pablo Pereira (União), demonstrou o descaso dos servidores envolvidos com a população que depende dos serviços da autarquia.


Leia mais: Refaturamento, fraudes in loco e propina: Deccor elenca sete tipos de fraudes usadas pela organização instalada no DAE-VG

Na primeira página do relatório, o qual o Olhar Jurídico teve acesso, há o registro de uma conversa interceptada entre os servidores Mário Sales, Aguinaldo Lourenço da Costa e Silva e Anderson Kleiton Corrêa.

No diálogo, Mário tem o cinismo de confessar que faz parte de uma quadrilha com objetivo de “vender a dificuldade para vender a facilidade”, dando a entender que os próprios servidores “plantavam” as crises na DAE para, posteriormente, cobrarem propina.

Aguinaldo diz que “a gente pode fazer com que ocorra antes, 3 dias, 2 dias a gente faz a ligação!”. Anderson responde: “Mediante o que? Mediante propina (risos de todos)”.



O trio, segundo as investigações, faz parte do segundo escalão do esquema, abaixo dos líderes, o vereador Pablo Pereira (União) e o Diretor Comercial do departamento, Alessandro Macaúbas Leite de Campos.

Sete alvos compõem o “segundo escalão”: Leandro Humberto de Araújo, Mário Sales e Anderson Kleiton Corrêa Botelho, todos lotados na Diretoria Comercial do DAE/VG, com atuação na Agência do Centro.

Aguinaldo Lourenço é ouvidor vinculado a unidade de controle interno, Paulo Ricardo Ribeiro da Silva é servidor terceirizado da área de TI da empresa LOGPRO (responsável pelo gerenciamento do Sistema GSAN), que exerce fisicamente sua atividade na Agência do Centro da Diretoria Comercial; Victor Hugo Mendes integrou o esquema até 2023; e Alex Sandro de Proença, que que desempenhou suas atividades na Agência do Centro da Diretoria Comercial até maio de 2024 e, na sequência, foi lotado no gabinete do vereador Pablo.

Os servidores do aparato interno da diretoria comercial possibilitaram, conforme a Deccor, a realização de fraudes com inserção de informações falsas no sistema, mediante indiscriminado recebimento de propina.

Anderson Corrêa Botelho é apontado como um dos principais executores das ações criminosas empreendidas sob a anuência de Alessandro, operando, desde 2019, inserção de informações falsas de modo deliberado no Sistema GSAN, como, por exemplo, realizando a maior parte das transferências de débitos fraudulentas.

Além disso, ocupou, concomitantemente e por longo tempo, a função de Gerente do Setor de Cadastro e o cargo de Ouvidor da Diretoria Comercial do DAE/VG. De acordo com os depoimentos, pelo menos até meados de 2023, Anderson utilizava a Sala da Ouvidoria para realizar as negociações fraudulentas e, mesmo após ser exonerado da função de Ouvidor, por ser servidor efetivo, permanece trabalhando na Diretoria Comercial do DAE e, do mesmo modo, continuou no esquema.

Aguinaldo ocupa, desde meados de 2023, a função de Ouvidor do DAE e atualmente integra o esquema de corrupção oferecendo, sobretudo, amparo quanto à não persecução administrativa das irregularidades relatadas por consumidores.

“De modo deliberado e proposital, AGUINALDO não registra as reclamações levadas à Ouvidoria e, conforme conversa captada na interceptação ambiental, possui ciência e corrobora de modo intencional para que seja propiciado um ambiente favorável à cobrança de propina por servidores públicos do DAE/VG, com o fim de realizarem trabalhos para os quais já são devidamente remunerados para executar”, diz trecho do relatório.

Segundo as investigações, o esquema no DAE, supostamente liderado por Pablo, cobrava propina para execução de serviços públicos, culminando em prejuízo de R$ 11 milhões ao erário.

Na sexta-feira (20), quando a ação policial foi desencadeada, a advogada Islaine Arruna confirmou à reportagem que a prisão de Pablo foi mantida como garantia à ordem pública, depois que ele foi submetido a audiência de custódia. O servidor Alex Sandro de Proença, lotado no gabinete de Pablo, também foi afastado de suas funções.

A investigação apontou a existência de um esquema de cobrança de propina para execução de serviços públicos e fraudes em contas de água, causando um prejuízo estimado de R$ 11,3 milhões desde 2019.

De acordo com a Polícia Civil, o vereador Pablo Pereira exercia pressão política para beneficiar o esquema, utilizando a estrutura do DAE para fins eleitorais.

A Justiça determinou ainda o bloqueio de bens e a realização de auditorias em todas as contas de água alteradas pela Diretoria Comercial do DAE desde 2019.

Em nota, a Câmara de Várzea Grande afirmou que está à disposição das autoridades para colaborar com as investigações e reforça que os fatos sejam esclarecidos o mais breve possível.

A operação segue em sua segunda fase, com a investigação sendo encaminhada ao Ministério Público Eleitoral para apurar possíveis implicações no processo eleitoral.

A ação policial resultou em 11 prisões preventivas e 18 ordens de afastamento de servidores públicos, incluindo o vereador Pablo Pereira, apontado como um dos líderes do esquema.  Pablo foi preso e, por força de HC, foi colocado em liberdade provisória mediante uso de tornozeleira eletrônica e foi proibido de acessar as dependências do DAE e da Câmara.
Entre em nossa comunidade do WhatsApp e receba notícias em tempo real, clique aqui

Assine nossa conta no YouTube, clique aqui

Comentários no Facebook

Sitevip Internet