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Sábado, 07 de dezembro de 2024

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CRIME BRUTAL

Advogada de engenheira espancada com barra de ferro pede que suspeito continue preso e seja submetido a júri

Foto: Reprodução

Advogada de engenheira espancada com barra de ferro pede que suspeito continue preso e seja submetido a júri
Vítima de tentativa de feminicídio cometido pelo advogado Nauder Júnior Alves Andrade, a engenheira E.T.M., de 29 anos, apresentou seus memoriais finais e pediu à Justiça que o mantenha preso preventivamente, bem como o pronuncie para que seja submetido a julgamento pelo Tribunal do Júri. Razões foram apresentadas nesta terça-feira (14).


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A defesa da engenheira reforçou que Nauder, ao depor sobre a sessão de espancamento que promoveu contra ela, não demonstrou arrependimento pelo que fez. Pelo contrário, ainda tentou responsabilizar a vítima, como se ela fosse responsável pelo dia de terror que viveu.

A advogada Tatiana Villar Prudêncio, que representa a vítima, sustentou que a liberdade de Nauder poderia estimular outros homens a praticarem atos contra suas companheiras como ele o fez, de modo a menosprezar a justiça porque crimes como este poderiam “não dar em nada”.

Além disso, na visão da defensora, a prisão preventiva se mostra necessária porque, solto, o advogado poderia agir para tentar calar E.T.M., ou criar embaraços contra a verdade no plenário do Júri.

Sobre a pronúncia, Tatiana apontou que ele não negou a prática das agressões, apenas buscou justificar sua postura agressiva alegando que a vítima foi quem o induziu a ter recaída com as drogas, o que denota os indícios de materialidade e autoria.

No dia 18 de agosto Nauder foi preso em flagrante, suspeito de tentar matar sua namorada usando uma barra de ferro para espanca-la. Segundo inquérito policial e o depoimento da vítima, ele, sob efeito de cocaína, passou a agredi-la após sua recusa em manter relações sexuais.

O que diz o Ministério Público

O Ministério Público o denunciou pelos crimes de feminicídio tentado, cárcere privado e ameaça. Nos memoriais, também pediu a manutenção da prisão e a submissão ao Júri Popular. Os pedidos ainda não tiveram uma decisão da juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da Vara Especializada em Violência Contra a Mulher.

O promotor Jaime Romaquelli entendeu que a materialidade dos delitos  foi comprovada através do Boletim de Ocorrência, Prontuário de atendimento médico da vítima, Laudo Pericial de exame de corpo de delito, filmagens de câmera de segurança, Laudo Pericial de constatação de danos e Laudo Pericial do local dos fatos.

Em audiência, a vítima depôs confirmando que as agressões ocorreram após sua recusa em manter relações sexuais e por conta de questionamentos que teria feito em relação à recaída de Nauder, já que foi encontrado em suas roupas saquinhos com cocaína.

Porcelanas quebradas na vítima, uso de barra de ferro para agredi-la, perseguição, enforcamentos seguidos de desmaios e proibição de que ela saísse de casa foram os meios que Nauder usou para violenta-la.
 
“Ainda em audiência, a ofendida narrou que o denunciado lhe enforcou até que ela perdesse o ar, mesmo enquanto pedia que ele parasse com as agressões, além de desferir murros. Contou que foi agredida em vários cômodos da casa, sendo que no banheiro NAUDER quebrou porcelanas em sua cabeça”, narrou em depoimento.

De acordo com os laudos, a vítima só não morreu porque conseguiu escapar das agressões e pedir socorro. Para o promotor, quem age da forma que ele agiu demonstra claramente sua intenção homicida.

Depoimento do policial militar que atendeu a ocorrência e socorreu a vítima constatou que a casa da mesma estava revirada, com objetos quebrados e ela severamente machucada. Funcionários que trabalhavam no dia do fato afirmaram que ela pediu socorro, aparentando estar machucada, falando que o acusado a perseguia para matá-la.

As afirmações das testemunhas estão em conformidade com imagens de câmera de segurança do condomínio, em consonância com laudo pericial referente a exame de corpo de delito da vítima, o qual indiciou a presença de inúmeros ferimentos em diversas regiões.

Marcas de sangue espalhadas pela casa da vítima, onde ocorreram as agressões, bem como em móveis da residência e até dentro de seu carro foram verificados pelos laudos e os danos foram compatíveis com o relato dela.

Quando inquirido em juízo, Nauder refutou as acusações e negou as autorias dos fatos, sustentando que no dia dos fatos, 18 de agosto, E.T.M. é quem teria usado cocaína e, durante discussões sobre o passado, passou a lhe agredir, chegando a puxar seu órgão genital, o que o fez reagir atingindo um golpe no rosto com o cotovelo. Contudo, negou ter a espancado usando uma barra de ferro, tampouco de ter lhe ameaçado de morte.

Diante dos fatos, o promotor sustentou pela autoria do feminicídio tentado, praticado por Nauder contra a sua então companheira. O tempo de duração das agressões (cerca de uma hora), o fato de ele ter trancado os portões da casa para que ela não fugisse e o uso da barra de ferro demonstraram, de acordo com o MPE, que tudo caminhava para a morte da vítima, o que só não ocorreu porque ela conseguiu fugir.

Diante disso, o MPE requereu à juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da Vara Especializada em Violência Contra a Mulher, que Nauder seja submetido a julgamento do Tribunal do Júri pelos crimes citados, bem como que mantenha sua prisão preventiva para evitar riscos à ordem pública e à vítima.
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