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Terça-feira, 23 de abril de 2024

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LATROCÍNIO

Criminoso que matou empresária com três cortes no pescoço é condenado a 24 anos de prisão; comparsa cumpre pena solto

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Criminoso que matou empresária com três cortes no pescoço é condenado a 24 anos de prisão; comparsa cumpre pena solto
O autor do latrocínio que vitimou a empresária Rosemeire Soares Perin, 52 anos, com três cortes no pescoço, foi condenado pela Justiça a 24 anos e seis meses de reclusão em regime fechado. O inquérito da Polícia Civil conduzido pelo delegado Caio Fernando Albuquerque, da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), indiciou Jefferson Rodrigues da Silva, de 33 anos, pelos crimes de roubo seguido de morte e ocultação de cadáver. 

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O outro envolvido, Pedro Paulo de Arruda, 29, foi indiciado nos crimes de ocultação de cadáver, resistência à prisão e tráfico de drogas. Ele foi condenado a cumprir pena em regime aberto e ao pagamento de multas. As sentenças são do juízo da 4ª Vara Criminal de Várzea Grande.

Pedro requereu liberdade sob argumento de que tem condições pessoais favoráveis como família constituída, um filho de cinco meses e esposa. A defesa afirma ainda que o suspeito é responsável e mantenedor imprescindível a subsistência do seu núcleo familiar, tendo residência fixa no distrito da culpa.

Investigação

Rosemeire Perin desapareceu no dia 16 de fevereiro deste ano, após sair de sua casa no bairro Dr. Fábio, em Cuiabá, para entregar mercadorias, em Várzea Grande. O corpo dela foi localizado dois dias depois na estrada da Guarita, enrolado em lençóis e numa lona plástica.

Responsável pelo Núcleo de Pessoas Desaparecidas da DHPP, o delegado Fausto Freitas informou que a equipe da delegacia trabalhou a partir do registro da ocorrência de desaparecimento da empresária para esclarecer o que ocorreu com a vítima desde que ela saiu de casa para trabalhar, em seu veículo, um HB20, do bairro Dr. Fábio, na Capital, e não deu mais notícias aos familiares.

A equipe do NPD realizou diligências, ouviu familiares e levantou informações e dois dias após o desaparecimento da vítima, a delegacia recebeu informação de que o corpo da empresária foi encontrado próximo a um barranco, na estrada da Guarita, em Várzea Grande.

Morte

Rosemeire trabalhava há mais de 10 anos com a venda de produtos e embalagens para festas, máquina de sorvetes e outros equipamentos do ramo. Na terça-feira, 16 de fevereiro, foi até Várzea Grande para entregar produtos que o autor do crime havia adquirido e também cobrar uma dívida.

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Empresária foi morta com requintes de crueldade. 

A vítima já tinha uma relação de comerciante e cliente com Jefferson, cuja família trabalhava há dez anos com a venda de sorvetes. Em março de 2020, o suspeito comprou uma máquina de sorvete da vítima, no valor de R$ 7 mil, que posteriormente apresentou problema e precisou passar por manutenção, que ela mesma realizou.

Do valor da manutenção da máquina, com a qual vendia sorvete em um supermercado, ele ficou devendo uma parte, e depois comprou mais um equipamento, um batedor de milk shake, e embalagens.

O criminoso não gostou do tom utilizado pela empresária durante a cobrança e aplicou-lhe uma gravata, sendo que ela caiu desacordada no chão e bateu com a cabeça. Desesperado, ele amarrou suas mãos e pés com fitas adesivas e amordaçou sua boca com uma meia.

Após cinco minutos, a vítima acordou, ainda um pouco desorientada. Como utilizava tornozeleira eletrônica e já havia sido preso, Jefferson afirmou em depoimento ao delegado Marcel Oliveira, que ficou com medo de voltar para a cadeia, pegou uma faca caseira de aproximadamente 30 centímetros e desferiu três golpes no pescoço de Rosemeire, que não teve nenhuma chance de defesa.

A casa de Jefferson ficou complemente cheia de sangue, o que corrobora com a versão de que ele, sozinho, matou a empresária. Posteriormente, o criminoso ligou para um parente, pedindo por ajuda. Porém, esta pessoa – sem saber o que tinha ocorrido – disse que estava cansado das “merdas” que ele já havia feito e não iria se meter em mais uma.

Foi então que Jefferson lembrou-se de Pedro que era sócio de um lava-jato onde ele fazia trabalhos esporádicos. O rapaz topou ajudar o assassino a ocultar o corpo, foi até a quitinete, onde - por volta das 22 horas - os dois envolveram o corpo de Rosemeire em plásticos, lençol e um edredom e fizeram o transporte até a Passagem da Conceição, onde a vítima foi deixada.

Em diligências no dia 18 de fevereiro, uma equipe do Batalhão da Rotam abordou o veículo que era conduzido pelo suspeito e com ele foi encontrada a carteira de habilitação da vítima. Conduzido à DHPP, em um primeiro depoimento ele deu informações contraditórias e negou. Depois, acabou confessando o que acreditou que seria um crime ‘perfeito’ e informou que recebeu ajuda de uma segunda pessoa.

O segundo suspeito, que deu apoio para o transporte e ocultação do corpo, foi detido ainda na quinta-feira, também por uma equipe da Rotam. Na delegacia, ele negou que tivesse cometido o crime, inclusive o tráfico de drogas pelo qual foi detido também em flagrante, e que não teve nenhuma participação na ocultação do corpo de Rosemeire.

Contradições e provas

A investigação, baseada em inúmeras evidências, exames periciais e oitiva de testemunhas, concluiu que o autor do crime decidiu tirar a vida da vítima não apenas por ter 'perdido a cabeça' com a cobrança recebida por uma dívida que tinha com Rosemeire, como afirmou em depoimento.

O conjunto de informações reunidas no inquérito aponta que ele, decidido a subtrair o veículo da vítima, um carro modelo HB 20, e percebendo o momento oportuno, não teve dúvidas em agir. Além disso, a apuração constatou ainda que a alegação dele, de que havia um vínculo de intimidade com a vítima não se confirmou.

“Só que, para tanto, e até mesmo para não sofrer consequências criminais, o que confirmou em interrogatório, a matou em sua quitinete, com requintes de crueldade. Após, preparou todo o cenário para a 'segura' ocultação do cadáver, para o que contou com apoio do outro investigado”, explicou o delegado Caio Albuquerque.

A investigação apurou as alegações dadas pelo autor do latrocínio, que em um dos depoimentos assumiu o crime, mas informou que a vítima esteve no lava-jato após entregar as mercadorias que ele havia comprado e que permaneceu no local aguardando a lavagem de seu veículo e que depois, ainda segundo ele, retornaram à quitinete dele para fazer a testagem do batedor de milk shake, quando então Rosemeire foi morta.

Testemunhas ouvidas pela DHPP negaram que a Rosemeire tenha estado no lava jato no dia em que morreu. Inclusive, uma delas informou à Polícia Civil que o autor do crime foi ao lava jato por três dias consecutivos para lavar o veículo, do qual ele se apossou após cometer o crime.

“O que constatamos e está nos autos, de forma coerente e objetiva, é a situação de uma mulher que, deslocando-se para a entrega de um maquinário e mercadoria, acabou caindo em uma verdadeira cilada, tendo seu veículo subtraído, seguido de sua morte e ocultação do cadáver”, concluiu o delegado.

A investigação sobre a morte da empresária contou com a colaboração das equipes dos delegados Fausto Freitas e Marcel Oliveira.
 
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