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Quinta-feira, 28 de março de 2024

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​PREOCUPADO

Chefe do MPF não descarta que escolha de Bolsonaro para PGR serviu para beneficiar senador

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Chefe do MPF não descarta que escolha de Bolsonaro para PGR serviu para beneficiar senador
O procurador-chefe do Ministério Público Federal em Mato Grosso, Gustavo Nogami, não descartou a possibilidade de que a escolha do presidente Jair Bolsonaro (PSL) para o cargo de procurador-geral da República tenha sido motivada pela intenção de interferir nas investigações contra seu filho, o senador Flávio Bolsonaro (PSL).
 
Nogami citou que o presidente já interferiu na Polícia Federal e na Receita Federal, que investigaram Flávio, e também mencionou “reuniões reservadas” do presidente com Augusto Aras antes de escolhê-lo para o cargo. Aras não tinha seu nome na lista tríplice elaborada pelos procuradores e Bolsonaro disse que escolheria alguém com o mesmo “viés ideológico” que o seu.
 
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O senador Flavio Bolsonaro é investigado pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro no caso envolvendo Fabrício Queiroz. Eles são suspeitos de integrar um esquema de corrupção no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro. O MPF ainda citou que estava apurando aumento patrimonial exponencial e negociações relâmpago e extremamente lucrativas.
 
O presidente Bolsonaro já interferiu na Polícia Federal, afirmando que “fui eleito para interferir mesmo”. O presidente também interferiu na Receita Federal e no Coaf. Os três órgãos investigam o seu filho Flávio. Agora com a maneira como foi escolhido o procurador-geral da República, o chefe do MPF em Mato Grosso considerou a possibilidade de tentativa de interferência.
 
“O que nós temos visto é uma série de atos que fragilizam os órgãos de controle. [Houve interferência] na Receita Federal, na Polícia federal, na Controladoria-Geral da União, no Coaf… Não tenho como afirmar que essa medida foi já realizada pensando nisso, mas com certeza pode influenciar”, disse Nogami.
 
O procurador também citou as reuniões que Bolsonaro teve com Augusto Aras antes da escolha e afirmou que as intenções de Aras são desconhecidas pela maioria dos integrantes do MPF, sendo que a única “pista” dada foi de que teria o mesmo “viés ideológico” do presidente, que afirmou que este seria seu critério.
 
“A escolha do indicado a Procuradoria-Geral da República foi feita em reuniões reservadas, a portas fechadas. O indicado, em nenhum momento, mencionou ao resto dos procuradores qual é finalidade e plano de atuação dele. Então, é uma incerteza, até porque nós não temos conhecimento do histórico dele. Ele tem mais de 15 anos de MPF, mas não conheço esse procurador-geral”, disse.
 
O único conhecimento que Nogami disse ter sobre Aras é sobre sua atuação na Terceira Câmara, porém bastante discreta. Ele disse que esta escolha pode acabar impactando o combate à corrupção, mencionando ainda o ministro Sérgio Moro, que segundo ele, tem sido isolado.
 
“O que nós percebemos é que o Ministro da Justiça que se exonerou do Poder Judiciário após ter feito um trabalho bastante eficiente e importante para a sociedade, pensando em robustecer o combate a corrupção e ao crime organizado, ele tem sido isolado, ele tem ficado sozinho. No processo de escolha do procurador, por exemplo, ele acabou não sendo chamado para essa discussão. Basicamente, as considerações que ele fez não foram ouvidas”, afirmou.
 
“O que nós percebemos de atos concretos são evidências de uma fragilização do sistema de controle, como foi falado, Receita Federal, Coaf, CGU e agora na forma de escolha do procurador-geral da República e na PF, que até se rebelou”.
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