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DENUNCIADOS POR PM

Procurador-geral do MP diz que placa utilizada em escutas ilegais da PM foi furtada

24 Jul 2019 - 09:27

Da Redação - Vinicius Mendes / Da Reportagem Local - Érika Oliveira

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Procurador-geral do MP diz que placa utilizada em escutas ilegais da PM foi furtada
O procurador-geral de Justiça de Mato Grosso, José Antonio Borges, afirmou que as placas do sistema Wytron, que foram utilizadas na central clandestina montada por policiais militares, e supostamente pelos primos Paulo e Pedro Taques, foram furtadas das dependências do Ministério Público. Ele afirmou que o procurador Paulo Prado, acusado pelo coronel Evandro Lesco de ter doado as placas à PM, está sendo investigado e deve dar esclarecimentos sobre as placas.
 
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Borges compareceu ao Colégio de Líderes da Assembleia nesta terça-feira a convite dos deputados estaduais para dar esclarecimentos sobre a suposta prática de grampos ilegais que era cometida por promotores do Gaeco.
 
Na semana passada foram ouvidos os coronéis Zaqueu Barbosa e Evandro Lesco, e também o cabo Gerson Correa. Eles deram mais detalhes sobre o esquema da Grampolândia Pantaneira, que segundo eles teve participação do ex-governador Pedro Taques e seu primo Paulo Taques, mas também relataram a atuação de promotores do Gaeco na prática de escutas ilegais.
 
O procurador-geral afirmou que as duas placas Wytron, que teriam sido doadas à PM, não estão mais em posse do Ministério Público. Ele disse que não conversou com o procurador Paulo Prado sobre o assunto, mas que ele ainda deve dar esclarecimentos sobre o caso.
 
“A placa não está lá, e houve um peculato, furto. A partir do momento que um patrimônio do Ministério Público some das suas dependências, houve um furto desta placa", afirmou Borges.

Ao ser questionado se conversou com Prado sobre o assunto, Borges afirmou que o caso é tratado dentro do MP de forma institucional. "Dr. Paulo Prado não conversa, Dr. Paulo Prado é investigado, então ele vai ser ouvido no devido momento para explicar se de fato ele deu esta placa ou esta placa foi furtada de lá, que é um peculato, furto”, disse o chefe do MPMT.
 
O cabo Gerson disse em seu depoimento que, após a desativação do núcleo clandestino da PM, guardou as placas por muito tempo na casa de sua mãe, mas por temer a deflagração de uma operação acabou destruindo as duas, em 2017.
 
Gerson disse que reconheceu as placas no momento em que as viu, quando foi convidado a integrar a central clandestina. Ele atuava no Gaeco em 2007, quando foi trocado o sistema Wytron pelo Guardião, que é utilizado atualmente. Depois da troca, segundo o cabo, as placas ficavam no setor de interceptação telefônica. Ele afirmou que quando foram substituídas pelo Guardião, ele as entregou em mãos ao procurador Paulo Prado.
 
“São duas placas Wytron, cada com capacidade para 16 canais, as mesmas características das placas que eu laborei enquanto estava no Gaeco. Estas placas foram utilizadas até 2007, quando trocou pelo Guardião. [...] Quando trocou a placa ficou no meu setor, eu guardava a sete chaves estas placas, passei ao Paulo Prado, por ordens dele, nas mãos dele”, disse o militar.
 
O procurador-geral afirmou que tem respeito pelo procurador Paulo Prado e por seu histórico no Ministério Público, mas não esté impedido de tomar alguma decisão sobre o caso.
 
“Primeiro, o nosso respeito ao Dr. Paulo, pelo histórico dele dentro do Ministério Público, e meu respeito com todos os promotores que atuam lá, pessoas que passaram no concurso, provas e títulos, uma conduta ilibada, até provarem o contrário. Agora, eu não sou amigo do Dr Paulo Prado e também não sou inimigo dele, se eu fosse amigo íntimo eu não jogaria suspeita e passaria para o Dr. Valdemar ou Dr. Scaloppe, se eu fosse inimigo eu também teria a dignidade, de consciência tranquila, para dizer que eu seria suspeito e não poderia levantar. Agora, quem vai buscar neste momento as investigações em relação a isso, direto, é a nossa Corregedoria sobre a conduta dele e o Dr Domingos Sávio que trata da questão criminal”.
 
Sobre um possível afastamento dos membros do Ministério Público no suposto esquema de grampos ilegais, Borges afirmou que a decisão não seria só sua, mas sim de um colegiado de procuradores.
 
“Eu mandei uma legislação aqui para a Assembleia, que já foi aprovada, antes quem dava a última palavra em relação a reconhecer algum ato criminoso de um promotor era o procurador-geral, nós usamos hoje do nosso colegiado. Num primeiro momento esta investigação que vai ser feita pela Corregedoria, vai ter um relator que faz parte dos 11 membros do nosso conselho, e deste conselho, dependendo da decisão, ainda vai para o recurso administrativo para o nosso colégio, e lá é que tem os 33 procuradores, eu sou simplesmente o presidente deste colégio. Então não é uma decisão única minha, e aqueles procuradores que acharem que tem uma amizade íntima em relação ao Dr. Paulo, seja qualquer promotor, podem se julgar suspeitos”, explicou.

Veja os depoimentos na íntegra de Zaqueu e Lesco e de Gerson.
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