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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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ex-gerente do Bic Banco

Delator cita Eder como sócio oculto de Mauro Carvalho e liga secretário a Piran e Maggi

Foto: Rogério Florentino Pereira/Olhar Direto

Delator cita Eder como sócio oculto de Mauro Carvalho e liga secretário a Piran e Maggi
O delator premiado Luiz Carlos Cuzziol, ex-gerente do Bic Banco em Cuiabá, prestou depoimentos ao Ministério Público Federal (MPF) ligando o atual secretário de Casa Civil de Mato Grosso, Mauro Carvalho, a uma série de situações suspeitas.O Olhar Jurídico obteve documentos com exclusividade.  Contexto descrito cita empréstimo envolvendo o também ex-secretário de Estado Eder Moraes, adjetivado como sócio oculto, o ex-governador Blairo Maggi e os empresários Valdir Piran e Junior Mendonça.
 
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Carlos Cuzziol explicou em depoimento que tratou com Mauro Carvalho sobre empréstimos à Pequena Central Hidrelétrica São Tadeu Energética, de sua propriedade. Segundo o declarante, o primeiro contato foi intermediado justamente por Eder Moraes, pessoa que se identificou como sócio oculto do grupo.
 
No começo da relação bancária, Eder esteve em São Paulo, acompanhado de Mauro Carvalho, para uma reunião com o presidente do Bic Banco, José Bezerra de Menezes. Cuzziol foi comunicado após o encontro sobre a autorização de cessão dos valores.
 
Depois das tratativas superiores, Mauro Carvalho disse a Cuzziol, conforme descrito na delação, que os valores serviriam para encerrar obras da São Tadeu Energética. Carvalho explicou ainda que necessitava da ajuda financeira porque um contrato com a Caixa Econômica Federal estava atrasada.
 
Sinistro na PCH

 
Depois de firmado o contrato com o Bic Banco, Cuzziol tomou conhecimento sobre um suposto sinistro na estrutura da usina, razão pela qual Mauro Carvalho não conseguiu liquidar o empréstimo na data do vencimento.
 
Em consequência do problema, Eder Moraes solicitou novamente uma reunião direta com o presidente do Bic Banco para que Mauro Carvalho pudesse informar sobre o acidento e do posterior acionamento do seguro. Segundo trecho da delação premiada, parcelas foram constantemente prorrogadas por falta de pagamento, gerando novas reuniões.
 
A alta soma causou problemas, dificultando renovações ou até mesmo o estabelecimento de novos empréstimos. As renovações e aditamentos continuaram vencendo sem pagamento. Foi quando o diretor regional da instituição financeira, pessoa identificada como Neivan Carlos de Lima, mediante solicitação do presidente do Bic Banco, passou a acompanhar diretamente a situação de inadimplência.
 
Segundo Cuzziol, várias reuniões foram agendadas em sedes de outras empresas ligadas a Mauro Carvalho. Conforme o delator, as cobranças abrangiam também o ex-secretário Eder Moraes, suposto sócio oculto do empreendimento.
 
Valdir Piran e Junior Mendonça
 

Em decorrência do agravamento da situação financeira, o Bic Banco voltou a exigir amortização, ainda que parcial, de alguns empréstimos. Diante da exigência, Mauro Carvalho afirmou a Cuzziol, conforme descrito em delação, que havia contraído novo empréstimo, agora perante o empresário Valdir Piran.
 
A dívida da São Tadeu junto ao Bic Banco chegou a ser parcialmente quitada, por meio de cheques supostamente assinados por Piran.
 
O delator premiado esclareceu em sua colaboração que não tratou diretamente sobre o assunto com Valdir Piran. Cuzziol citou ainda a oportunidade em que Mauro Carvalho levou pessoalmente um cheque assinado pelo empresário Junior Mendonça, atualmente conhecido por ser o primeiro delator premiado da Operação Ararath.
 
Segundo sinistro
 
Cuzziol descreve em sua delação premiado que foi notificado sobre um suposto segundo sinistro na usina, impedindo mais uma vez o começo do funcionamento da Pequena Central Hidrelétrica. A situação financeira voltou a se agravar.
 
Mauro Carvalho, o diretor regional do Bic Banco e o presidente da instituição voltaram a se reunir em São Paulo. Segundo Cuzziol, Carvalho foi orientado a vender a PCH.
 
Blairo Maggi

 
O solução encontrada para superar o segundo sinistro foi a renovação de empréstimo junto ao Bic Banco, agora com garantia adicional de aval da pessoa física Blairo Maggi.
 
Eder Moraes parou de ser cobrado. Conforme Cuzziol, o ex-secretário afirmou “que teria tomado um tombo do grupo econômico de Mauro Carvalho e que levava suas mãos em relação a esse empréstimo”.
 
As operações financeiras voltaram a vencer sem pagamento. O presidente do Bic Banco, José Bezerra de Menezes, conforme delação premiada, passou a cobrar diretamente Blairo Maggi. Reuniões ocorrem na sede do grupo Amaggi, em Brasília e na própria casa do ex-governador, em Cuiabá.
 
Ainda segundo Cuzziol, após ação de execução proposta pelo Bic Banco, Blairo Maggi quitou a dívida diretamente em uma agência com sede em São Paulo.
 
As defesas
 
Em contato com o Olhar Jurídico, as defesas de Eder Moraes, Junior Mendonça e Valdir Piran não comentaram sobre o caso.
 
O advogado Ulisses Rabaneda salientou que a descrição feita pelo delator converge com a linha de defesa, excluído o trecho em que Eder se declara sócio oculto da Pequena Central Hidrelétrica. Conforme Rabaneda, Mauro Carvalho nunca negou o empréstimo. Ele também explicou que seu cliente precisou recorrer aos empresários Piran e Junior Mendonça para abater parte da dívida no Bic Banco. Porém, tudo dentro dos limites legais. Sobre Maggi atuar como avalista, o defensor também salientou que a informação já foi confirmada pelo próprio Mauro Carvalho. O valores pagos por Maggi já foram restituídos pela São Tadeu Energética.
 
A reportagem não conseguiu contato com Blairo Maggi.
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