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Quinta-feira, 25 de abril de 2024

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​OPERAÇÃO RÊMORA

Ex-secretário acusa Alan Malouf de ter mentido em delação por não ter conseguido ajuda

Foto: Rogério Florentino / Olhar Direto

Ex-secretário acusa Alan Malouf de ter mentido em delação por não ter conseguido ajuda
O ex-secretário estadual de Fazenda, Paulo Brustolin, afirmou que o empresário Alan Malouf deu informações falsas na delação homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Em documento registrado em cartório, Brustolin disse que Malouf o procurava quando queria ter contato com o ex-secretário de Segurança Pública Fábio Galindo e que o empresário teria ficado magoado quando Galindo se negou a ajudá-lo na tentativa de delação junto ao Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco).
 
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O acordo de colaboração premiada que Alan Malouf firmou com o Ministério Público Federal (MPF) foi homologado em abril de 2018. Malouf teria revelado dados de esquema de arrecadação de verbas, captadas mediante a doação de empresários e a formação de chamado caixa dois, destinadas à campanha eleitoral de Pedro Taques ao Governo do Estado de Mato Grosso, em 2014. Na delação ele teria citado o nome de empresários e ex-membros do executivo.
 
Brustolin afirmou que Malouf deu informações falsas em sua delação. Ele disse que era Malouf quem o procurava quando buscava contato com o ex-secretário Fábio Galindo, e que presenciou uma conversa entre os dois em um apartamento em Cuiabá.
 
Brustolin relata que, depois que Galindo saiu do Governo e foi morar em Brasília, em 2016, manteve contato com ele. Segundo ele, Alan Malouf sabia deste contato e por isso lhe procurava.
 
“Por volta de agosto de 2016, depois da prisão do secretário Permínio, Alan Malouf passou a se mostrar muito apreensivo e insistia muito em falar com Fábio Galindo, mas não conseguia. Sabedor que o declarante [Brustolin] ainda mantinha contato eventual com Fábio que morava em Brasília, pediu ao declarante para marcar um café da tarde em seu apartamento quando Fábio fosse a Mato Grosso visitar a sua família”, diz trecho do documento.
 
O encontro teria ocorrido em um apartamento no bairro Goiabeiras, em Cuiabá, e entre outros assuntos teriam falado sobre a Seduc. Na ocasião Malouf disse que tinha medo de ser envolvido injustamente na operação que prendeu Permínio, alegando ser inocente.

O motivo do medo seria porque um dos empresários com contrato com a Seduc era casado com sua prima (Giovana Guizardi). Fábio Galindo então teria o orientado para que se apresentasse e esclarecesse os fatos.
 
“Lembra-se que Fábio insistia que, se Alan estivesse certo, era para comparecer como testemunha e, se estivesse errado, era para se antecipar e fazer uma delação, mas deveria comparecer e se explicar”.
 
Já por volta do mês de outubro Alan andava muito angustiado e perguntou a Brustolin se Fábio tinha interesse de voltar para Mato Grosso e advogar, “pedindo ao próprio declarante para fazer a Fábio uma proposta de 100 salários de promotor como garantia contratual de sua saída”.
 
Brustolin ligou para Fábio, que recusou taxativamente a proposta, dizendo que não voltaria a Mato Grosso e não pensava em advogar, e que iria trabalhar em São Paulo. Alan então teria pedido para falar novamente com Fábio, segundo ele buscando apenas uma orientação, porque estava disposto a fazer a delação.
 
A princípio Fábio se recusou a se encontrar com Alan, mas após muita insistência do próprio Brustolin, que disse que Malouf estava sozinho e angustiado, mas querendo fazer a coisa certa, Fábio teria recebido o empresário em Brasília para um café, em um local público, já mais para o final do ano. Malouf não teria ficado satisfeito com o desfecho do encontro.
 
“Assim que acabou a conversa, no final da tarde, Alan ligou para o declarante [Brustolin] do Whatsapp, agradeceu a agenda, mas se mostrou claramente chateado e magoado com Fábio, dizendo que Fábio o orientou a fazer a delação no Gaeco, mas disse que não iria ajudar nem conversar com ninguém, que iria ficar fora disso”.
 
Brustolin então teria dito a Malouf que não queria mais se envolver com a situação e pediu que não fosse mais procurado. Sem o apoio Alan acreditava que sua delação não seria aceita, como de fato não foi.
 
O declarante então disse que pode afirmar com certeza que Alan Malouf “manipulou completamente a verdade em suas declarações” e disse acreditar que ficou magoado por Fábio não ter lhe ajudado com a delação junto ao Gaeco, que culminou na prisão de Malouf, “atribuindo a Fábio responsabilidade por isso”. Brustolin disse que está disposto a ratificar o que disse perante qualquer juízo ou Tribunal.
 
A denúncia

 
Em 19 de abril de 2018, foi homologado o acordo de delação premiada, firmado entre o Ministério Público Federal e Alan Ayoud Malouf, com a finalidade de obter elementos de prova contra os investigados na Operação Rêmora, conduzida pelo Ministério Público do Estado de Mato Grosso.
 
No requerimento de homologação do acordo, o Ministério Público Federal esclareceu que o relator revelou dados de um esquema de arrecadação de verbas, captadas mediante a doação de empresários, e a formação de chamado caixa dois, destinadas à campanha eleitoral de Pedro Taques ao Governo do Estado de Mato Grosso, em 2014.
 
Segundo asseverou, o retorno aos doadores consistiria na celebração de contratos, regulares ou não, com o Estado de Mato Grosso. O MPF também destacou a existência de vinte cadernos anexados ao acordo de colaboração premiada, nos quais está descrita a interlocução do delator com o governador e outras autoridades que detêm a prerrogativa de serem processadas no Superior e no Supremo, entre elas o  então deputado federal Nilson Leitão.
 
Malouf ainda apontou um esquema de desvio de recursos públicos, por meio de fraudes a licitação, no âmbito da Secretaria de Estado de Educação, Esporte e Lazer de Mato Grosso, durante a gestão do então secretário Permínio Pinto Filho.
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