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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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O delator beato

Sem rancor, Silval vê auditoria como estratégia de defesa e deseja que Deus abençoe Blairo Maggi

Foto: Josi Pettengill/ Secom-MT

Sem rancor, Silval vê auditoria como estratégia de defesa e deseja que Deus abençoe Blairo Maggi
O ex-governador de Mato Grosso, Silval Barbosa, não deseja travar uma briga pública com seu ex-colega de política e ex-ministro da Agricultura, Blairo Maggi. Não além da esfera jurídica. Barbosa afirmou nesta terça-feira (21) torcer para que a vida de Blairo seja “abençoada por Deus”. Ainda segundo declarações, o único arrependimento do colaborador premiado foi ter cometido crimes “em nome de um grupo político”.

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“Tudo que eu relatei na minha colaboração premiada, não foi para perseguir ninguém, não elenquei alvos, eu elenquei os atos ilícitos que ocorreram no governo. A PGR [Procuradoria Geral de Justiça] e a Justiça agora é que estão acompanhando, que estão investigando tudo que eu relatei e o que eu entreguei para eles”, afirmou Barbosa após audiência admonitória. O ex-governador progrediu do regime domiciliar ao semiaberto nesta terça.
 
Insatisfeito por ser um dos citados, Maggi apresentou nos últimos dias auditoria ao Supremo Tribunal Federal (STF) tentando enfraquecer a delação premiada do ex-colega. Conforme o documento, rombo de aproximadamente R$ 1 bilhão ainda não foi corrigido. Ou seja, Silval segue lucrando sobre os crimes.

A auditoria salientou ainda que não existem provas em mais de 80% dos fatos delatados. O objetivo da contestação é desmantelar justamente a parte em que o ex-ministro da Agricultura é citado.
 
O referido grupo político citado na delação premiada de Silval Barbosa era encabeçado, segundo argumentos do delator, justamente por Blairo Maggi. Os esquemas de corrupção engendrados no Poder Executivo foram armados com a idéia inicial de pagar dívidas de campanha.
 
O questionamento inovador de Blairo Maggi no STF não parece aborrecer Silval. Não há postura pública de enfrentamento. “Isso [a auditoria] é defesa. Todo mundo tem uma estratégia. Eu só relatei aquilo que eu relatei e apresentei documento, o caminho. Por exemplo, falam que eu desviei R$ 1 bilhão. Eu não desviei. Eu dei incentivo de R$ 60 milhões para a [empresa de transportes] Martelli, para onde foi o dinheiro? Lá está na minha delação. Não veio para o meu bolso. As empresas estão devolvendo”.
 
Consta no termo de colaboração premiada a devolução de R$ 80 milhões por parte de Silval Barbosa e familiares. “O que eu estou devolvendo é infinitamente maior do que eu me beneficiei”, afirmou Silval.
 
“Eu não tenho nada contra Blairo. Eu quero que ele siga a vida dele. Eu vou retomar a minha. Que Deus abençoe ele. Abençoe todos os outros. Cada um usa uma estratégia de defesa”, finalizou.

 

(Com colaboração de Fabiana Mendes) 
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