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Dia do Advogado

Pedro Paulo Peixoto da Silva Júnior

O mês de agosto é marcado pela homenagem ao profissional do direito denominado de advogado. O advogado tem como característica ser aquele que goza da confiança daquele que esteja em conflito, não sendo obra do acaso a essência do vocábulo, qual seja, “ad vocatus” o que significa dizer : “o que foi chamado”. Ainda no direito romano, era a terceira pessoa que o litigante chamava perante o juízo para falar em seu favor ou defender o seu interesse. Convém consignar que quando chamado por alguém, o advogado passa a ser responsável pelo destino da vida/condição jurídica daquele que o chama. Em face da confiança nele depositada, imperioso asseverar que esta responsabilidade traz consigo um peso moral e social de grande relevância, eis a preocupação e intenção deste manifesto. Apesar do momento, para alguns, ser de festa, oportuno consignar que os fatos sociais não são dos melhores e merecem nossa atenção, pois as profissões estão sendo testadas o que força a “reinvenção” para manutenção no mercado. O advogado, em especial, está se deparando com grandes desafios, seja de ordem pessoal, afeto aos aspectos materiais e até mesmo de sobrevivência, seja o desafio profissional pois a forma de se viver o mundo jurídico mudou.(PJE consolidado, audiências e julgamentos virtuais, e até mesmo atendimento ao cliente por meio de plataforma eletrônica/virtual). Não temos mais acesso direto e corriqueiro com colegas nos tribunais da vida para trocar experiências, e, até mesmo promover o bom debate jurídico sobre temas e conceitos que defendemos. Contudo, convém aqui trazer a frase: “Bom marinheiro só se faz com tempestade no mar que o ensina a velejar são em salvo para retornar.” Nesses momentos acostumamos olhar o barco do vizinho e, atualmente, se assim formos agir, podemos ver youtubers, ao invés de grandes juristas, falando de direito com autoridades da suprema corte, representantes de classe usando o cargo para promoção pessoal e por aí vai. Nesse sentido, vem a pergunta: o que devo fazer? Qual caminho ou exemplo devo seguir ? A resposta não é simples mas sugere-se a manutenção do planejamento indicado pelos livros, mirar exemplos como o de Rui Barbosa, Teixeira de Freitas, Pontes de Miranda, dentre outros, os quais escreveram seus nomes na história positiva da advocacia.

Como tenho dito, apenas fazendo um trocadilho, sem qualquer conotação política, “ O ADVOGADO EM TEMPO DE COVID19 NÃO É A CLOROQUINA, MAS SIM UM OBREIRO/ TRABALHADOR ‘DE’ CONSTRUÇÃO SOCIAL.” Assim como o COVID19 pode ser considerado como uma doença BIOPSICOSSOCIAL, ou seja, a doença ultrapassa a barreira clínica do seu conceito, o tema apresenta contornos jurídicos, sociais e até utópico para alguns, porém, o Advogado elemento de transformação usa o verbo, leia-se: palavra, instrumentalizada pela oratória para ser instrumento de construção social e equilibrar as relações jurídicas.

Compilando texto extraído da explicação da insígnia do IASP – Instituto dos Advogados de São Paulo, qual seja: “Clarivs qvam grativs officivm” que é a expressão latina cuja tradução para a língua portuguesa revela um ensinamento: “Profissão mais ilustre que agradável”.

Do texto extraio a conclusão que, ao ser chamado (ad vocatus) para ser um agente de transformação social, o advogado se apresenta, dependendo da situação, fazendo uso da lei e externando-a pela sua oratória e verbo, um ser dotado de conhecimento ilustre mesmo que não agradável.

Por fim, encerro a escrita desejando aos colegas advogados sucesso na empreitada iniciada e na que ainda está por vir, pois o desafio é grande, mas temos em nossas mãos e mente o leme que pode conduzir o barco social nessa tempestade. Ao final, será gratificante fazer assim como Eduardo Couture sugeriu em seu decálogo quando asseverou: “AMA A TUA PROFISSÃO - Trata de conceber a advocacia de tal maneira que no dia em que teu filho te pedir conselhos sobre seu destino ou futuro, consideres um honra para ti propor-lhe que se faça advogado.”


PEDRO PAULO PEIXOTO DA SILVA JUNIOR
Advogado, Especialista em Direito Tributário pela Escola Paulista de Direito, Doutorando em Ciências Sociais e Jurídicas pela UMSA, Professor Universitário e de Cursinhos preparatórios da Disciplina de Direito Tributário, Presidente da Comissão de Estudos Tributários e Secretário Geral do IAMAT – Instituto dos Advogados de Mato Grosso, Sócio do escritório Peixoto e Cintra Advogados Associados.



 
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