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Sexta-feira, 29 de março de 2024

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É hora de decidir o seu voto

Faltando menos de 15 dias para as eleições da OAB, é crível que o grau de indecisão dos advogados e advogadas de Mato Grosso deveria ter diminuído. Entretanto, não é o que se observa em conversas com vários colegas, desde jovens advogados (as) a experientes, oriundos (as) da iniciativa privada ou pública. A indecisão decorre de três fatores.

O primeiro deles é o leque de opções que a política da Ordem no ano de 2015 trouxe. Temos cinco chapas concorrentes, o que não se observava nas eleições passadas.

O segundo fator é a aparente semelhança entre as chapas. Isto porque, dentre as cinco chapas, quatro possuem advogados advindos de um mesmo grupo que comandou a Ordem. Digo aparente, pois alguns não tiveram atuação direta na diretoria.

O terceiro e último fator é a semelhança entre as propostas dos candidatos. Todos possuem propostas que visam inserir os jovens advogados no mercado de trabalho; valorizar a mulher advogada; garantir as prerrogativas do advogado (a) frente às instituições; dirigir a ordem com ética, transparência, e independência.

O discurso é praticamente o mesmo. Nessa altura, a indagação óbvia que se faz é: Mas o que então será conclusivo para que os advogados e advogadas decidam seu voto até o dia 27 de novembro de 2015?

A resposta que se chega ao questionamento é quanto a características que, a meu ver, são condições sine qua non, que alguém deve possuir quando se coloca à disposição para dirigir uma instituição tão importante. São elas: coerência do discurso; condições reais de concretizar as propostas realizadas; desvinculação político-partidária para garantir a independência da Ordem; serviços prestados à advocacia; e por fim, disposição e espírito de liderança.

Vejamos, primeiramente, por exclusão. A chapa 01, por mais propostas que tenha, é composta pela grande maioria dos atuais dirigentes diretos da OAB, e, por mais que haja um discurso de renovação, os nomes são conhecidos dentro do grupo. São advogados amigos, pessoas bem intencionadas, mas que durante os três anos de gestão, poderiam ter feito muito mais. A sociedade mato-grossense viu um evento esportivo servir de pretexto para que alguns políticos arruinassem os cofres públicos. A OAB se restringiu a ingressar com algumas ações como mandados de segurança para exposição de documentos, ou pareceres e reuniões que não frutificaram. A OAB possui um papel social muito mais relevante, que, a meu ver, a Chapa 01 não conseguiria resgatar.

Por sua vez, a chapa 03 não garante a independência que a Ordem precisa. Temos advogados na chapa - os quais desde já declaro meu respeito e admiração enquanto profissionais competentes que são - mas que possuem uma ligação muito forte com políticos e ex-políticos, excluindo, portanto, a independência inerente à natureza sui generis da OAB. Como poderia a OAB fiscalizar de fato os eventuais ilícitos praticados por gestores e ex-gestores públicos, sem que esta fiscalização quebrasse a relação de confiança entre cliente e advogado? O paradoxo é evidente.

Já a chapa 04, a meu ver, peca na incoerência do discurso, o que é essencial para a concretização real das propostas realizadas. Explico. O candidato da chapa 04, a quem também declaro respeito e admiração, por diversas vezes afirmou que não gostaria de ter sequer “resquícios da situação”, e tem como componente de chapa um conselheiro federal que, caso eleito, irá para o quarto mandato, além de ter como apoiador um ex-presidente que originou todo o grupo que comandou a Ordem por muito tempo. Não questiono o trabalho prestado por estes advogados, mas sim a incoerência do discurso da chapa 04, colocando em xeque a credibilidade do cumprimento de suas promessas realizadas em campanha.

Por fim, ainda no critério “exclusão”, a chapa 05 é encabeçada por um advogado que não repassa a sensação de representatividade para toda a classe.

Externando publicamente meu voto, vejo que a Chapa 02 – Somos todos OAB, encabeçada pelo advogado Fabio Capilé, é a que se enquadra nos preceitos positivos que devem nortear a OAB. Embora o Fabio Capilé e sua secretária-geral, Daniela Echeverria, tenham sido conselheiros estaduais na gestão atual da OAB, isto não é um fato negativo, pois demonstra que possuem serviços prestados. Entretanto, suas atuações foram limitadas ao cargo do Conselho Estadual, razão pela qual, na vontade de poder fazer mais, colocaram-se à disposição para dirigirem a Ordem de forma mais incisiva.

Ainda, a chapa possui condições de concretizar as suas propostas, que não são exaustivas ao seu prospecto de campanha; tem disposição para percorrer todo o interior sem precisar dever favor a ninguém; não tem nenhuma vinculação político-partidária, o que demonstra a garantia da independência da Ordem, e, por fim, o Fábio Capilé é um verdadeiro líder, que não busca chefiar a Ordem, mas liderar, estando à frente e ouvindo a todos e todas que se colocarem à disposição para contribuir neste projeto.

Não consigo enxergar outra chapa mais preparada e coerente que a Chapa 02, razão pela qual, explicando os motivos, externo meu voto publicamente, e meu apoio. Finalmente, não sou Cláudia, não sou Leo, não sou Moreno, não sou Pio... Tampouco sou Fabio. Estou com Fabio Capilé, pois SOMOS TODOS OAB!


*João Vaucher é advogado em Cuiabá

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