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Sexta-feira, 19 de abril de 2024

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Red Money

Veja nome das quatro empresas interditadas por suspeita de serem usadas para lavar dinheiro de ‘taxas do crime’

Foto: Divulgação - Lenine Martins

Empresa foi alvo na primeira fase da operação

Empresa foi alvo na primeira fase da operação

Os trabalhos de investigação da Polícia Judiciária Civil (PJC), capitaneadas pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e Diretoria de Inteligência (DI), resultaram na interdição de mais quatro empresas que estariam sendo utilizadas pelos membros da facção criminosa alvo da ‘Operação Red Money’, para lavagem de dinheiro. Nesta semana, a Polícia Civil finalizou o inquérito do caso e indiciou 113 pessoas acusadas de envolvimento com o esquema que movimentou mais de R$ 52 milhões em Mato Grosso.

A primeira fase da operação Red Money foi deflagrada no dia 8 de agosto deste ano e a segunda fase, complementar a investigação, foi executada em 01 de outubro de 2018.

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Além das Empresas JJ Informática e Online Distribuidora, interditadas na primeira fase da operação, foram identificadas pelo menos quatro outras empresas com atividades suspeitas e fortes indícios de terem sido abertas para lavagem de dinheiro.
 
Todas tiveram suas atividades suspensas. São elas: T. E. S. Transportes, Lava Jato 3 Irmãos, empresa individual Rosilene da Silva Bispo Eirelle e LK Guinchos. Esta última teve três caminhões e um automóvel sequestrado pela Justiça.
 
Ao longo das diligências, para identificação patrimonial, foram arrolados 19 imóveis como pertencentes a pessoas vinculadas à organização criminosa, os quais estão situados nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Sorriso, Rondonópolis e Chapada dos Guimarães, com avaliação estimada na ordem de R$ 2,5 milhões.
 
Assim como ocorreu na primeira fase, quando a Polícia Civil conseguiu autorização da Justiça para o bloqueio de 80 contas bancárias, desdobramentos das investigações da operação Red Money identificaram mais 10 contas bancárias usadas para movimentar o dinheiro ilícito adquirido com a prática de crimes diversos, pagamentos de mensalidades de faccionados, de traficantes e cobrança de taxas de segurança em comércios.
 
Nas dez contas foram realizados o sequestro imediato de R$ 116 mil, que somados aos R$ 529 sequestrados na primeira etapa e ainda a outros R$ 80 mil apreendidos na posse dos criminosos durante as buscas realizadas do dia 8 de agosto, contabiliza-se R$ R$ 725 mil em dinheiro bloqueado/sequestrado que ficará em uma conta judicial, para, posteriormente, ser revertido ao Estado, assim como outros bens e imóveis apreendidos.
 
J.J Informática
 
A Polícia Civil durante as investigações da operação "Red Money" identificou que uma empresa, localizada em Várzea Grande, denominada J.J Informática, foi criada, principalmente, para promover lavagem de dinheiro e movimentar os valores da facção criminosa. Durante um período de quatro meses, a empresa movimentou cerca de R$ 800 mil. Porém, nenhuma das movimentações e pessoas identificadas tinha ligação com o objeto social da empresa, ao contrário das pessoas que realizaram transações com o estabelecimento.
 
Constituída em fevereiro de 2017, a empresa pertence a Jonas Souza Gonçalves Junior, conhecido por Batman, e sua esposa Jeniffer Lemes (presa na operação). Ele é condenado por assalto a agências bancárias, tratando-se de um dos principais líderes da facção criminosa e um dos responsáveis pelo departamento financeiro da organização.
 
Em análise financeira, a Polícia Civil descobriu que a J.J Informática, em apenas quatro meses, movimentou cerca de R$ 800 mil. Porém, nenhuma das movimentações e pessoas identificadas tinha ligação com o objeto social da empresa, ao contrário das pessoas que realizaram transações com o estabelecimento. Pelo menos 180 possuía antecedentes criminais ou algum vínculo pessoal com criminosos e condenados pela Justiça, grande parte deles presos na Penitenciária Central do Estado.
 
Durante o ano de 2017 foram descobertos dezenas de envolvidos no esquema financeiro. Ao lado da J.J Informática, outras contas bancárias foram identificadas e definido um “núcleo de liderança”, no que se refere à movimentação financeira da facção criminosa. No período de 1 ano e 6 meses, houve circulação de montantes entre R$ 5 milhões a  R$ 800 mil, dependendo do CPF.
 
A partir disso, a Polícia Civil chegou ao líder da facção, com papel de comando na parte financeira. Trata-se de Francisco Soares Lacerda (Brasília), que utilizou-se, principalmente, da esposa para movimentação ilícita e aquisição patrimonial.
 
Sistema de Arrecadação
 
O sistema de arrecadação financeira da facção investigada na operação “Red Money” assume formato de pirâmide. No topo está o núcleo de liderança e na base dezenas de contas bancárias, com movimentação menor, que fazem a captação de dinheiro, e, gradativamente, fazem o repasse às contas maiores.
 
No período de um ano e meio (01/06/2016 a 18/01/2018), entre entradas e saídas de 44 contas investigadas na operação, foram identificados movimentação de aproximadamente R$ 52 milhões.
 
O delegado Luiz Henrique de Oliveira, Coordenador de Inteligência da Polícia Civil, disse que a deflagração da operação corresponde ao fechamento de uma etapa importante da investigação e agora iniciará um trabalho mais técnico, de análise dos documentos apreendidos, interrogatórios, oitiva de testemunhas, identificação de outros suspeitos
 
Conforme ele, além das prisões, o objetivo principal é a apreensão do patrimônio e descapitalização da organização criminosa. “A operação Red Money indica que a Polícia Judiciária Civil avançou um degrau na forma de se combater as facções criminosas no Estado, precisamos focar no aspecto financeiro e patrimonial para enfraquecer essas organizações criminosas”, frisou.
 
O delegado da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), Diogo Santana, chamou atenção para o fato de que várias pessoas forneceram conta bancária para que fosse movimentado dinheiro ilícito, e, agora, terão que informar a mando e interesse de quem fizeram isso. “Qualquer pessoa que empresta sua conta bancária para movimentar valores ilícitos pode incidir no crime de lavagem de dinheiro”, afirmou.
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